VERSÍCULOS CHAVE
“— Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” Eu, porém, lhes digo: todo o que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela no seu coração. — Se o seu olho direito leva você a tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que ter o corpo inteiro lançado no inferno. E, se a sua mão direita leva você a tropeçar, corte-a e jogue-a fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
— Também foi dito: “Aquele que repudiar a sua mulher deve dar-lhe uma carta de divórcio.” Eu, porém, lhes digo: quem repudiar a sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a se tornar adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.”
Mateus 5:27-32
v.27-28 – Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
Jesus volta sua atenção para o sétimo mandamento. Os rabinos limitavam o adultério apenas à infidelidade sexual. Jesus, porém, amplia o significado desse pecado para o olhar lascivo e o coração impuro. Embora os homens não possam julgar o olhar adúltero e o coração impuro, Deus, que sonda os corações, condena a intenção como se pecado consumado fosse. Não basta ir para a cama do adultério para quebrar o sétimo mandamento; basta ter a intenção de arrastar para a cama a pessoa ilicitamente desejada.
Na verdade, o desejo e a prática não são idênticos, mas, em termos espirituais, equivalentes. O “olhar” que Jesus menciona não é apenas casual e de relance; antes, é um olhar fixo e demorado, com propósitos lascivos. Portanto, o homem descrito por Jesus olha para a mulher com o propósito de alimentar seus apetites sexuais interiores, como um substituto para o ato sexual em si. Não é uma situação acidental, mas um ato planejado.
O homem vive numa luta constante entre o espírito e a carne. O velho homem está sempre querendo erguer sua fronte para arrastar ao pecado. Platão compara a alma a um carro guiado por dois cavalos. Um dos cavalos, manso e dócil, obedece às rédeas e à voz do condutor. O outro, selvagem, ainda não domesticado, procura a todo tempo rebelar-se. O nome do primeiro cavalo é “razão”; o nome do segundo é “paixão”. A vida é sempre um conflito entre as exigências da paixão e o controle da razão. Para os cristãos, entre o espiritual e o carnal.
v.29 – Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. v.30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
Como lidar com os pecados da impureza? Jesus adota um tratamento radical, e não gradual. E claro que ele não defende a amputação física do olho direito e da mão direita, mas a amputação moral. Jesus não está ordenando a mutilação do corpo, mas o controle do corpo para não se render ao pecado. Não se faz concessão ao pecado.
Nessa mesma linha de pensamento, podemos dizer que “Jesus não está ensinando uma doutrina masoquista de automutilação com objetivos espirituais, tampouco está sugerindo que o caminho para resolver o problema dos maus desejos é fazer uma cirurgia física radical”.
A vitória nessa área não é resistir, mas fugir! Aquele que está sendo tentado nessa área sexual deve deixar de olhar. Com certeza, : “Um problema radical exige uma solução radical”.
Vejamos duas histórias:
José em Gênesis 39:6-20
José estava vivendo no Egito, agora na casa de Potifar, oficial de Faraó. A Bíblia diz que José era formoso de porte e de aparência, isto é, era bonitão mesmo!
A mulher de Potifar, tentava seduzí-lo diariamente e a Bíblia relata o que ela dizia: “Deita-te comigo” (v.7). Aqui, uma mulher seduzindo um homem. José recusou de imediato, mesmo com a insistência diária “Falando ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos” (verso 10).
Qual foi a resposta de JOSÉ? Eis o segredo dele para resistir tamanha tentação.
“Cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (v.9)
Isso revela que o compromisso dele era, em primeiro lugar, com Deus, depois com ele mesmo, e finalmente com Potifar. Se alterarmos a ordem desse compromisso, José poderia ter caído na tentação.
Um dia, ele foi a casa de Potifar para tratar os negócios, e não tinha ninguém na casa, “então ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo, ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu, fugindo para fora”
Como José reagiu a tentação? FUGINDO!
Agora vamos ver a história do Rei Davi em 2 Samuel 11:1-5
Quais foram os passos da queda de Davi?
Ele deveria ter ido para a guerra, mas ficou em casa (v.1)
Estava dormindo à tarde, levantou-se foi passear no terraço de sua casa ele “VIU uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa” (v.2)
Mostrou interesse por ela, pois mandou perguntar quem era? (v3)
Mandou que trouxessem ela para se deitar com ele. Ela ficou grávida e, com isso, foi mal e ardiloso em arquitetar um plano para matar seu marido, Urias.
As consequências foram terríveis, pois um pecado chama outro pecado para encobri-lo, e um homem foi morto injustamente e seu filho morreu prematuramente.
Por isso que Jesus propõe uma solução radical contra um problema que traz consequências sérias para nossas vidas.
A cada 3 casamentos, um termina em separação em menos de dois anos, e a maior causa das separações é infidelidade conjugal.
O casamento foi a primeira instituição divina. Ele preexiste ao Estado e à Igreja. Contudo, ao longo dos séculos, essa instituição vem sendo bastante atacada. Nestes tempos pós-modernos, os próprios alicerces do casamento estão sendo abalados.
A geração atual, em muitos casos, não aceita mais absolutos. Os valores de Deus são desprezados. Os marcos antigos, de modo geral, foram arrancados e cada um vive à mercê de suas próprias ideias. Cada um estabelece para si mesmo o que é certo e o que é errado.
O conceito de uma lei absoluta e universal que rege a conduta e o comportamento está se extinguindo. Com isso, a instituição do casamento é desprezada e o concubinato legitimado; os vínculos conjugais afrouxados para se estimular o divórcio; a verdade relativizada para justificar as atitudes egoístas.
Muitos consideram o casamento heterossexual, monogâmico e indissolúvel uma instituição arcaica, rígida, obsoleta, opressiva, decadente.
v.31 e 32 Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Os rabinos eram muito complacentes com a questão do divórcio (Deuteronômio 24.1). Basta ao homem dar à mulher uma carta de divórcio e ele estava livre para repudiá-la (5.31). Havia uma escola rabina que defendia que o homem podia divorciar-se de sua mulher por várias razões, até mesmo por motivos fúteis.
Jesus, entretanto, deixa claro que o divórcio, exceto por relações sexuais ilícitas, expõe a mulher repudiada a um novo relacionamento, e esse novo relacionamento com outro homem é visto aos olhos de Deus como adultério.
Isso porque o que Deus une não pode ser desfeito pelo homem (Mateus 19.6). Mesmo que uma carta de divórcio tenha sido dada e que o casamento tenha sido desfeito segundo as leis dos homens, esse casamento não foi desfeito segundo a lei de Deus. Por isso, um novo relacionamento é uma quebra da aliança. É adultério. A imputação da culpa do adultério dessa mulher repudiada recai sobre o marido que a repudiou.
Jesus teve que se pronunciar novamente sobre a questão do divórcio em Mateus 19:3-12
Os fariseus o procuram para o experimentar novamente e perguntam: “É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?”
Jesus aproveitou o momento para reafirmar algumas verdades fundamentais sobre o casamento:
Jesus endossou a estabilidade do casamento – Os laços matrimoniais são mais do que um contrato humano: são um jugo divino;
Jesus declarou que a provisão mosaica do divórcio era uma concessão temporária ao pecado humano – O que os fariseus denominavam “mandamento” Jesus chamava de “permissão”, e permissão relutante, devido à obstinação humana, e não à intenção divina. Novamente, para o tentar, perguntam por que Moisés “autorizou” dar carta de divórcio e repudiar? Jesus respondeu: “Por causa da dureza do vosso coração,... mas não foi assim desde o princípio
Jesus chamou de adultério o segundo casamento depois do divórcio, caso este não tivesse uma base sancionada por Deus.
Jesus permitiu o divórcio e o segundo casamento sob a condição única da imoralidade. A imoralidade é a única cláusula de exceção estabelecida por Jesus.
Cabe lembrar que não foi Moisés quem instituiu o divórcio. Ele já existia antes de Moisés.
No início da história as famílias precisavam ser numerosas para suprir duas carências: mão-de-obra para a lavoura e soldados para as guerras. A supervalorização do macho deu origem à filosofia machista, e a mulher servia apenas para reprodução.
Assim, quando a esposa era estéril, para que o homem não ficasse sem herdeiros, foram criadas formas alternativas de convivência conjugal como o concubinato, a poligamia e o divórcio.
O primeiro caso de bigamia está registrado em Gênesis 4:19-24. Abraão lançou mão do concubinato por sugestão de Sara, sua mulher, que era estéril (Gn. 16:1-4). Jacó teve esposas e concubinas (Gn. 29:18-30). É nesse contexto social de machismo, bigamia e concubinato que surge o divórcio.
O divórcio só é tolerado nos casos de relações sexuais ilícitas (Mateus 19:9) e abandono irremediável (I Coríntios 7:15). Quanto ao adultério devemos fugir e buscar em Deus a nossa força para resistir a carne e ao diabo, pois ele fugirá de nós.
O divórcio tem acontecido em muitas casas hoje. É muito importante que o casal antes de se separar procure aconselhamento, terapia e assim consigam tomar a melhor decisão para viver de acordo com a Palavra de Deus.
PARA PENSAR
Qual a posição de Jesus e dos rabinos com respeito ao adultério?
O que Jesus quer dizer com “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti...”?
Por que Davi pecou e José não na área do adultério? Qual foi a atitude deles que fez toda a diferença?
Qual é o valor do casamento para Deus? Por que é indissolúvel?
Em qual situação o divórcio é tolerado?
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